Thursday, November 5, 2009

INVASÃO

Em nome
do amor
quero
gravitar
nesse ventre
e chorar
no corte
de despedida.

Sim, despedida.

Quero esse perfume
que teimas
em escamotear,
quero atear
a loucura envolvente
que nos ocupa
na assinatura.
Quero
a procuração
sem desculpas,
desculpas às testemunhas.

Domi Chirongo

LÁBIOS

Que estes versos
sejam arremesso
p’ra pescar
beijos
desescamados
oferecidos
aos maços,
maços estripados

Que estes versos
consigam
acampar
o par de lábios,
nossos lábios
sobrevoados
por assobios...
pombinhos!

Domi Chirongo

CORPO CHUVISCANTE

Quero anoitecer
nesse corpo
com o pescoço
pousando
no interior dessa seda
seda, seda, seda
seca moça
deixa molhar
um pouco mais
tua alma miudinha
miudinha, miudinha
chove em mim
muito amor
amor, amor, amor
granizos no peito
não quero conservar.
Respirando trovejo
e prevejo o dia clarear
clarear, clarear, clarear.

Domi Chirongo

A MOLHA

Com alma
esbracejando
cabeça castrada
aberta à serpente
uma sereia
na aurora
amorosa
assim semeia
a fraternidade
fraternidade
acima do presente

Domi Chirongo

A DESPEITO D’AMOR

A frieza
dessa alegoria
rancorosa
é tão real, amor.
Perdoe-me...
a prótese
escondida
no peito
não suporta mais,
é demais o silêncio.

Domi Chirongo

OLÁ DA PARABÓLICA

Parábola
jogo da bola
parabólica
tempo
minuto vai
minuto vem
Bobole
parábola
jogo da bola
parabólica
tempo
minuto vem
minuto vai
olê, olê, olê, olá!
parabólica
alcoólatra
minuto, segundo
vai-e-vem.

Domi Chirongo

ATIRO-ME

Deixa-me ser teu griot
nessa terra estranha
onde T.S. Eliot
governa

Patético
nesta estrada
tudo quero dar
e matar-te de amor

Domi Chirongo